quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Abstrato e do meu jeito


Tento buscar certezas e pensamentos firmes, mas sei, pois já me disseram que tudo que eu escrever ficará um horror, deixo de lado a coerência almejada e me perco em meus devaneios, abstratos e com a forma que eu mesmo quiser que eles tenham.
Ainda é cedo e eu vejo no sol um aliado, a torcer por mim enquanto me diz por onde devo começar, diz também que não posso demorar mais do que o tempo que ele tem para ficar comigo, um dia pode parecer muito, mas para o sol, atarefado que é, as coisas não funcionam bem assim, ele mesmo, com voz ansiosa me disse que não poderá me ajudar enquanto ilumina o Japão. Ainda é cedo eu sei, mas me preocupo, pois estou longe de conseguir, e ao findar do dia, terá acabado meu tempo e sol terá que partir.
A verdade é que é difícil dizer, pois sinto saudades do que jamais vi, saudades do que jamais vivi, saudades do que jamais senti, acontece que a saudade não se importa com isso, ela é algo como um sentimento que quer fugir da lembrança para acontecer de novo. A lembrança por sua vez deixa a fujona escapar na maior facilidade, dizem que ela não é uma boa vigia, eu acho porem, que ela é uma boa pessoa, ora, pois pense comigo, como resistir as investidas de algo que de tão bom sai da imaginação (campo do “como seria”) passa desapercebido, como se já tivesse sido pela Dona Lembrança (campo do “como foi”) e já sente saudades de algo que “ainda será”.
Pensamentos assim precisam mesmo de liberdade. Eles precisam transitar de forma irrestrita, por onde bem quiserem e é por isso que admiro tanto a Dona Lembrança.  Enquanto alguns dizem que trancafia-los seria a melhor solução, ela abre as portas e deixa que eles sejam felizes, que mantenham viva a esperança, a doçura, o afeto, a amizade, e o amor necessário para todos os sentimentos bons.
A noite vem chegando e o escuro aproveita o descanso do sol para fazer barulho em meu coração, ele partiu ainda agorinha, nessa hora, me ilumina e protege as lembranças que tenho.